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SOCIALISMO, UM PROJECTO DE FUTURO!*
A sete de Novembro deste ano, dia em que o Jornal Alto Alentejo chega às mãos dos seus leitores, cumpre-se o primeiro centenário da Revolução de Outubro – a primeira revolução triunfante, dirigida pela classe operária e seus aliados e que viria a mudar a face do mundo.
Neste ano de centenário, quando ainda estão bem vivos os acontecimentos que ditaram a derrota do socialismo na União Soviética e no leste da Europa e os efeitos nefastos para os trabalhadores de todo o mundo importa refletir, debater, aprender sobre os erros cometidos mas sobretudo reafirmar a validade do projeto que deu forma e vida ao sonho de libertação que animou gerações de explorados e oprimidos.
Até então o homem explorado e oprimido, quando consciente da sua situação, imaginou e sonhou a sua liberdade, construiu sonhos e revoltas, chegou a assumir a direção da sua vida na Comuna de Paris mas foi na Rússia semifeudal dominada pelo poder autocrático dos czares, com um povo faminto e pouco ilustrado que o “sonho “ se transformou numa revolução vitoriosa apostada em por fim à exploração do homem pelo homem, a Revolução de Outubro.
O seu carácter anticapitalista e antibeligerante granjearam-lhe de imediato uma profunda simpatia entre os trabalhadores de todo o mundo, mas também ódio e o medo por parte dos setores capitalistas e dos seus governos que desde a primeira hora a fustigaram com boicotes, sabotagens, agressões continuadas das potências de então e o estímulo e apoio aos inimigos internos que dariam origem a uma sangrenta guerra civil.
Simpatias e ódios que seriam acentuados quando, cinco anos mais tarde, foi fundada a União das Republicas Socialistas Soviéticas que corporizava o início da tarefa gigantesca de construir uma sociedade nova com os recursos e meios do estado colocados ao serviço do povo.
Um Estado que instaurou o verdadeiro poder popular – os sovietes e num curto espaço de tempo pôs em pratica ou desenvolveu direitos sociais fundamentais, como o foram: direito ao trabalho, proibição do trabalho infantil, jornada máxima de 8 horas de trabalho, férias pagas, igualdade de direitos de homens e mulheres na família, na vida e no trabalho para citar apenas alguns entre muitos, muitos outros.
A segunda grande guerra e os tacticismo das principais potências que se opunham ao Nazi-fascismo impuseram à jovem Nação a necessidade de durante três anos enfrentar sozinha o monstro nazi e os seus exércitos e depois, foi de novo o heroísmo do povo soviético e do exército vermelho que determinou o curso da guerra e permitiu a derrota do nazi-fascismo.
A Revolução de Outubro não ficou acantonada nas fronteiras. O conhecimento das experiências no país dos sovietes e das medidas tomadas em defesa da classe operária e de todos os trabalhadores suscitaram em todo o mundo o impulso do movimento operário que foram arrancando dos seus governos e classes dominantes direitos até então impensáveis.
Os ventos da Revolução de Outubro chegaram também a Portugal e atingiram um enorme impacto no movimento operário e nas suas organizações e mais tarde a Pátria da Revolução de Outubro seria um apoiante seguro dos trabalhadores e do povo português na sua luta contra o fascismo em Portugal.
O desaparecimento da União Soviética e as derrotas do socialismo tiveram como resultado palpável um grande salto atrás nos direitos e conquistas dos povos, resultado bem à vista quanto, hoje, os rendimentos de 1% da população mundial são iguais à dos restantes 99% ou o imperialismo se arroga o direito de intervir militarmente em qualquer ponto do mundo.
A desagregação da União Soviética e o consequente desequilíbrio de forças a nível mundial permitiu ao capitalismo desenvolver uma intensa ofensiva, que perdura, contra os direitos dos trabalhadores e dos povos mas tal situação não desvaloriza a importância da primeira experiência, conseguida, de uma sociedade livre da exploração do homem pelo homem e muito menos apaga as grandes realizações e conquistas do povo soviético.
Mais, não altera a natureza exploradora e predadora do capitalismo nem faz esmorecer o sonho e a determinação dos que em todo o mundo lutam por um mundo melhor.
Pessoalmente encontro-me entre os que estão firmemente convencidos de que os trabalhadores ao longo da história da humanidade tomaram o poder por 60 dias, no século XVIII (Comuna de Paris), por 60 anos, no século XX (URSS) haverão de tomá-lo (num tempo que espero próximo) por 60 Séculos e em todo o Planeta!
Com isso continuo a sonhar. Para isso continuarei a contribuir com o que sei e posso.
Diogo Júlio Serra
* publicado no Jornal Alto Alentejo de 8-11-2017